terça-feira, 6 de novembro de 2012

Colagem em Ortodontia

Zachrisson BU, Buyukyilmaz T. Bonding in orthodontics. In: Graber TM, Vanarsdall RL Jr, Vig KW, editors. Orthodontics: current principles and techniques. 4th ed. St Louis: Elsevier Mosby; 2005. p. 621-44.

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Nesse capítulo do livro do Graber TM, sobre colagem em ortodontia, escrito por Zachrisson BU e Buyukyilmaz T, segue um material completo e objetivo sobre o tema. Fiz uma apresentação sucinta do assunto abordado, espero ser de grande valia para todos que acompanham o blog.

Ortodontistas estão aproximando-se de 35 anos de sucesso com colagem ortodôntica. A média de falha por profissional nos Estados Unidos é em torno de 5%. Os únicos dentes que são bandados rotineiramente são os primeiros molares.

Atingir uma baixa média de falha na colagem deve ser um objetivo primordial, substituir braquetes soltos é ineficiente, consome tempo e custo. Consequentemente, há uma busca contínua por um material com maior força de colagem, melhores adesivos, procedimentos mais simples e materiais que aderem na presença de saliva. Entretanto, a maioria das falhas na colagem resultam de inconsistências na técnica e não por culpa do material utilizado ou qualidade dos braquetes.

Colagem de braquetes

A simplicidade da colagem pode ser enganosa. A técnica indiscutivelmente pode ser subutilizada, não somente por um clínico inexperiente mas também por ortodontistas mais experientes que não efetuam os procedimentos com atenção.

As vantagens e desvantagens da colagem em relação a bandagem devem ser ponderadas de acordo com as preferências, habilidades e experiências de cada praticante. A dolagem deve ser considerada uma pequena parte de um moderno pacote preventivo, que também inclui um controle rigoroso de higiene oral, suplementação de flúor e uso aparelhos simples e eficazes.

Os passos envolvidos na colagem direta e indireta de braquetes são:

  • Limpeza
  • Condicionamento ácido
  • Adesivos
  • Colagem

Limpeza

A limpeza com  pedra-pomes remove as placas e películas orgânicas que normalmente cobrem todos os dentes. Deve-se ter cautela para não traumatizar a gengiva marginal e causar sangramento em dentes com irrupção incompleta.

Condicionamento ácido

Após lavar com jato de ar/água, controle salivar, o controle de um campo de trabalho seco é essencial. Há varios dispositivos no mercado para ajudar nesse objetivo:

  • Expansores de lábio e bochecha.
  • Sugadores de saliva.
  • Afastadores de lingua com blocos para mordida.
  • Obstrutores de condutos salivares.
  • Aparelhos que combinam vários desses artifícios vistos acima.
  • Inibidores de produção salivar.

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Após o campo de trabalho estar isolado, a solução ou gel de condicionamento ácido é aplicado sobre a superfície de esmalte por 15 a 30 segundos.

No final do ataque ácido o produto deve ser removido com abundante jato de ar/água. Contaminação salivar das superfícies condicionadas não deve ser permitida. (Se a contaminação ocorrer, deve se aplicar jato de ar/água ou recondicionar a superfície por poucos segundos).

A seguir, deve-se secar a superfície dentária até observar a coloração opaca da região condicionada(os dentes que não apresentarem esse aspecto devem ser recondicionados).

Dúvidas frequentes quanto ao condicionamento ácido:

1. O ácido deve cobrir a face inteira de esmalte ou somente uma pequena porção onde irá receber o braquete?

2. Devo dar preferência a géis que soluções?

3. Qual o tempo de condicionamento? É diferente para jovens e adultos?

4. O jateamento é efetivo como o condicionamento ácido?

5. Qual o melhor procedimento para dentes decíduos?

6. Condicionamento prolongado é necessário quanto os dentes são tratados previamente com fluor?

7. A incorporação de fluor na solução ácida aumenta a resistência do esmalte a cáries?

8. O ataque ácido é admissível em dentes com manchas brancas? Ou é possível que o condicionamento ácido exponha uma área de desmineralização?

9. Quanto do esmalte é removido pelo condicionamento e qual a profundidade de alterações histológicas? São reversíveis? O ácido é prejudicial?

10. Devo preferir outros meios de ataque ácido sem o ácido fosfórico?

Seguem as respostas sobre os assuntos abordados:

1. Experiência clínica de mais de 25 anos indica que o condicionamento ácido de toda face dentária é inofensivo, pelo menos quando se faz uso de enxaguatórios fluoretados regularmente.

2. Não existe nenhuma diferença aparente no grau de irregularidade superficial após condicionamento ácido com solução comparado ao gel. O mais popular produtor para ataque ácido é o Ultraetch 35% ácido fosórico em gel azul (Ultradent Products, South Jordan, Utah). O gel é dispensado por seringa, tem adequado contraste de cor, boa consistência, viscosidade ideal para aplicação e remoção com spray ar/água, e produz uma área opaca bem demarcada. Esse produto é recomendado sempre que um bom ataque ácido é desejado.

3. Estudos indicam que o ataque ácido de 15 a 30 segundos é provavelmente adequado para a maioria dos dentes permanentes jovens. Contudo, importantes variações individuais existem na solubilidade do esmalte entre os pacientes, entre os dentes, e entre o mesmo dente. Um benefício do condicionamento ácido convencional é que ele tende a neutralizar as diferenças entre os indivíduos e dentes.

4. Jateamento sem ataque ácido produz menor força de adesão que um ataque ácido convencional e consistentemente resulta em falhas de adesão na interface esmalte-adesivo. Jateamento seguido de condicionamento ácido produz força de adesão comparável ou maior do que o ataque ácido convencional.

5. Um procedimento recomendado para dentes decíduos é jatear com óxido de alumínio de 50-μm por 3 segundos para remover algums esmaltes aprismáticos e depois condicionar por 30 segundos com ácido fosfórico.

6. Experiência clínica e laboratorial indicam que não é necessário o prolongamento do ataque ácido quando os dentes foram tratados com flúor previamente. Quando em dúvida, observar a aparência do esmalte, que após a secagem e desidratação deve apresentar coloração branco opaco.

7. Soluções e géis de ácido fosfóricos fluoretados apresentam efeitos e aspectos morfológicos similares aos não-fluoretados, e fornecem adequada força de adesão em procedimentos de colagem direta. Estudos adicionais são necessários para determinar sua efetividade na proteção contra cáries ao redor dos braquetes em tratamentos ortodônticos completos.

8. Deve-se ter cautela ao condicionar áreas com desmineralizações adquiridas ou em desenvolvimento. É melhor evitar o prodecimento. Se isso for impossível, um curto período de condicionamento ácido, a aplicação de adesivo, e o uso de colagem direta com atenção extra para não existir áreas com deficiência de adesivo é importante.

9. Um condicionamento rotineiro remove de 3 a 10 μm de superfície do esmalte. Outros 25 μm revelam sutis alterações histológicas necessárias para intertravamentos mecânicos. Dissoluções localizadas mais profundas geralmente causam uma penetração de aproximadamente 100 μm ou mais. Apesar de estudos laboratoriais indicarem que alterações no esmalte são em grande parte (não totalmente) reversíveis, o efeito geral da aplicação de a´cido para o esmalte saudáveil não é prejudicial.

10. O uso de ácido poliacrílico com sulfato residual é relatado no uso para obter menor risco de danos ao esmalte na remoção do aparelho. Contudo, outros pesquisadores encontraram forças de adesão muito inferiores. O mesmo é verdade quanto ao uso do ácido maleico.

Adesivos

Após o dente estar totalmente seco, uma fina camada de um adesivo (selante, primer) deve ser pincelada na superfície de esmalte previamente condicionada. A camada deve ser minimizada por um pequeno jato de ar por 1 a 2 segundos. O posicionamento do braquete deve ser iniciado imediatamento após a aplicação do adesivo.

Selfing-Etching Primers (SEP). Combinar o condicionamento e adesivo em um passo deve-se resultar em melhoria no tempo e custo-benefício para os clínicos e pacientes, previsto que a média de falhar na colagem clínica não aumentou significantemente. O SEP não separa o condicionamento ácido e o adesivo, o líquido já possui o componente para condicionar o esmalte. O componente ativo é um ácido fosfórico de metacrilato que dissolve o cálcio da hidroxiapatita.

Protocolo clínico para uso do SEP Transbond Plus (3M/Unitek):

1. Secar a superfície dentária

2. Aplicar o Transbond Plus. O pacote de uso único consiste em 3 compartimentos. O primeiro compartimento contém o ácido fosfórico metacrilato, fotosensibilizadores e estabilizadores. O segundo compartimento contém água e fluoreto solúvel. O terceiro compartimento contém um microbrush. Apertando e dobrando o primeiro compartimento sobre o segundo ativa-se o sistema. O componente mistura é então ejetado para o terceiro para molhar a ponta do aplicador microbrush. Restrinja-se sobre a superfície dentária para evitar irritação gengival. Esfregue cuidadosamente no mínimo por 3 segundo e sempre mantenha a superfície úmida com uma nova solução para assegurar a penetração de monômero. A presença de agua na composição química do Transbond Plus talvez necessite de secar, mas assim que o operador move-se de um lado ao outro, o solvente evapora e a secagem não é mais necessária.

3. Cole o braquete com Transbond XT (3M/Unitek) e fotopolimerize.

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Colagem

Imediatamente após todos dentes serem pincelados com o adesivo, o operador deve proceder com a colagem dos acessórios. O melhor método de colagem é com um pequeno excesso de colagem de resina na base do acessório e depois posicionar o braquete na face do dente na posição correta.

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O protocolo recomendável para a colagem de braquetes é:

1. Transferência

2. Posicionamento

3. Ajustes

4. Remoção dos excessos

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Transferência. O clínico segura o braquete com a pinça e aplica a resina na base do bráquete. O clínico posiciona imediatamente o braquete no dente, o mais próximo possível de seu correto posicionamento.

Posicionamento. O clínico usa uma escala de posicionamento dos braquetes mesio-distal e gengivo-incisal e o angula cuidadosamente em relação ao longo eixo do dente. O espelho clínico irá ajudar no posicionamento horizontal, principalmente em pré-molares girovertidos.

Ajustes. Após o clínico verificar o posicionamento do braquete com a escala, deve pressionar firmemente o acessório contra a superfície dentária. Essa pressão resultará em uma boa força de adesão, pouco material para remover quando retirar o aparelho, ótima penetração na resina na base do braquete. O clínico deve remover o posicionar do braquete e não deve tentar segurar o braquete após seu correto posicionamento com quaisquer instrumentais.

Remoção de excessos. Uma pequena quantidade de excesso de resina é essencial para minimizar a possibilidade de áreas sem resina e ter certeza que o material resinoso estará espalhado por toda base do braquete. O excesso é particularmente de grande ajuda em dentes com morfologia anormal. O excesso de resina não será removido com a escovação e outras forças, deve ser removido com a sonda antes que o material tome presa.

O mais importante da remoção de excesso é previnir ou minimizar a irritação gengival e acúmulo de placa ao redor do braquete. A remoção de excesso reduz o dano periodontal e a possibilidade de descalcificação. Hiperplasia e inflamação gengival clinicamente significante e ocorrem quando excesso de resina está próximo da gengiva e não é corretamente removido. A remoção do material também está relacionada com a estética, já que a resina exposta poderia sofrer mudanças de coloração no ambiente oral.

Quando todos os braquetes estiverem colados, o clínico deve cuidadosamente checar a posição de cada braquete. Qualquer acessório que não estiver bem posicionado deve ser removido e recolado imediatamente. Após a inserção do arco de nivelamento, o clínico deve instruir o paciente como escovar corretamente ao redor dos braquetes e arcos, e orientar um programa de fluoretação com enxaguatórios (0,05% NaF).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Tomografia computadorizada de feixe cônico não é a técnica de imagem de escolha para avaliação ortodôntica completa.

Halazonetis DJ. Cone-beam computed tomography is not the imaging technique of choice for comprehensive orthodontic assessment. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2012;141(4):402-11.

No Blog já foi postado a primeira o ponto, de um artigo do Larson defendendo o uso do CBCT para avaliação ortodôntica de rotina. Nesse artigo escrito por Halazonetis, há o contra-ponto, onde ele argumenta por que não ainda utilizarmos o CBCT como rotina em nosso consultório.
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Assumindo que o uso do CBCT não é valido para todos pacientes, qual é o critério de seleção?

A resposta deve envolver uma avaliação abrangente dos benefícios e ônus para cada paciente. Essa avaliação não pode ser completamente objetiva, mas nossa decisão deve ser baseada nas evidências existentes, que poderão também servir de base para desenvolver uma diretriz geral. Tais diretrizes ja existem.

O projeto SEDENTEXCT da União Européia tem como objetivo principal “adquirir as principais informações necessárias para diagnóstico e baseada cientificamente uso clínico do CBCT” e usar essa informação para desenvolver evidencias baseadas em diretrizes lidando com justificação, otimizção e critérios de referências para usuários do CBCT dental. A seção de diretrizes para diagnósticos ortodônticos conclui que “um grande volume de CBCT não deve ser usado rotineiramente para diagnóstico ortodôntico”.

As diretrizes da Sociedade Britânica de Ortodontia tem recomendações similares: “o uso rotineiro do CBCT mesmo para casos de impacção de dentes...não pode ser ainda recomendado”.

Uma conclusão similar foi adotada pela AAO em 2012: “A AAO reconhece que enquanto houver situações onde o CBCT pode não ter valor, o uso de dessa tecnologia não é rotineiramente requisitada para radiografias ortodônticas.”

Os efeitos da ionização da radiação são consideradas estocástica. Isso significa que o risco, não a severidade, da condição depende da dose. Usando uma dose baixa x uma máquina CBCT de dosagem elevada, não irá resultar em câncers que são mais fáceis de tratar, apenas poucos deles. A probabilidade de um importante efeito estocástico é 0,073 Sv. Para pacientes com idade entre 10 a 20 anos essa dobra para 0,15 Sv. Uma vez que um grande campo de visão CBCT pode produzir uma dose de 68 a 368 uSV6 comparado a aproximadamente 30uSV para panorâmica e telerradiografia combinadas, isso se traduz a um risco de aproximadamente 1 em 170,00 a 1 em 20000 acima do procedimento corrente. Nos EUA, mais de 1,6 milhões de pacientes ortodônticos a cada ano. Se cada paciente tem uma imagem CBCT, isso resultaria em 10 a 80 casos de câncer a mais por ano.

Esse risco vale a pena? Depende principalmente do benefício ao paciente.

Eficácia

Eficácia técnica está relacionada com a qualidade da imagem. O volume do pixel (Voxel size) é tipicamente 0,3 a 0,4 mm, correspondendo a uma resolução menor que a da radiografia intraoral. Artefatos são maiores que os observados em uma tomografia computadorizada multislice, dificultando a obter valores de densidade consistente e resultando em baixo contraste e fraca definição dos tecidos moles.

A segmentação é problemática e mesmo os objetos de alto contraste, como os dentes, são mensurados com erros que podem exceder 1 mm, limitando o uso clínico

Acurácia e eficácia do diagnóstico mensura a acurácia do CBCT em comparação a telerradiografia ou a panorâmica. Devido a um tamanho de voxel maior que das radiografias, no CBCT erros como na mensuração da espessura óssea pode exceder 1,4 mm para 0,4mm por tamanho de voxel.

Até o momento, não há estudos de acurácia no dianóstico de caninos impactados. CBCT apresentou melhor sensibilidade e especifidade que a panorâmica para avaliação de reabsorção do dente adjacente. Apresentou também maior acurácia para avaliação de assimetrias esqueléticas.

Para avaliação periodontal o CBCT não pode substituir a radiografia intraoral devido à menor resolução de suas imagens.

Para avaliação de dentes impactados, o CBCT é recomendado somente quando “a informação não pode ser obtida adequadamente por uma radiografia convencional”. Dr. Larson referenciou um estudo de 28 casos de caninos impactados com falhas no tratamento, mas a principal razão para a falha foi uma ancoragem inadequada. Há vários casos onde uma radiografia convencional e exame clínico são suficientes para localizar o dente impactado.

Dr. Larson também referenciou sobre a ATM, mas pacientes assintomáticos com certeza não necessitam de imagens das ATM’s,.

A aplicação da cefalometria 3-D pode ser uma indicação. Entretanto, não foi estabelecido uma análice cefalométrica 3-D e dados de normalidade. CBCT ainda é usado para simular tecnologia antiga – recontruir uma telerradiografia. Nessa transição é um retrocesso, não devemos carregar conosco os equívocos das antigas cefalometrias: aderência restrita aos padrões cefalométricos e fé cega em números.

Ainda não há evidencias de que uma acurácia maior da CBCT em relação a radiografias podem contribuir para mudanças no plano de tratamento ou fornecer um melhor tratamento. Além disso, a maioria das informações de diagnóstico são obtidas através de avaliações clínicas, a cefalometria serve como um instrumento auxiliar e em alguns momentos é supérfluo.

Achados acidentais não são justificáveis para exposição radiográfica. Segundo as diretrizes Européia: “Radiografia de rotina é uma prática inaceitável” e define radiografia de rotina quando ela é tirada sem a presença de sinais e sintomas clínicos.

Avaliação completa

Segundo Dr. Larson o CBCT fornece maiores informações para o diagnóstico ortodôntico, porém para a maioria dos pacientes esses exames são inúteis e os achados poderiam ser encontrados em uma telerradiografia ou panorâmica.

Se mais informação de diagnóstico é o objetivo, porque parar no CBCT? Porque não fazer uma tomografia computadorizada do corpo, por exemplo?

Se o objetivo é mais informação, porque não fazer outros testes diagnósticos que podem ser mais relevantes e não incluem radiação?

Com esse teste diagnóstico, obtemos mais conhecimento, mas ao mesmo tempo mais achados falso-positivos, que podem aumentar a ansiedade do paciente, acompanhamentos desnecessários e testes adicionais. As avaliações de diagnóstico devem ser focadas e feitas para responder questões específicas.

Conclusão

No presente momento, há falta de evidencias da eficácia da imagem CBCT. Exceto para certos pacientes, substituir a cefalometria convencional e radiografia panorâmica com a CBCT é irresponsável, pode levar a um problema de saúde pública. É responsabilidade do clínico selecionar cuidadosamente os pacientes para a imagem CBCT.

 

Artigo na íntegra via AJODO:
http://download.journals.elsevierhealth.com/pdfs/journals/0889-5406/PIIS0889540612001448.pdf


O uso de tomografia computadorizada de feixe cônico para a avaliação patologias, formações anômalas e injúrias traumáticas relevantes aos ortodontistas.

Kang BC et al. The use of cone beam computed tomography for the evaluation of the pathology, developmental anomalies and traumatic injuries relevant to orthodontics. Semin Orthod 2011;17:20-33

O objetivo do trabalho foi ilustrar condições patológicas relevantes aos ortodontistas que usam o CBCT. Um total de 1703 casos de 2300 CBCT imagens tiradas de junho de 2006 até maio de 2009 foram revisadas, e casos interessantes que poderiam ser relacionadas ao tratamento ou avaliação ortodôntica foram selecionados. Um total de 427 indivíduos foram selecionados.

Dentes supranumerários:

São dentes que excedem ao número normal para cada dentição e ocorrem em 1% a 4% da população. Foram examinados 84 casos de dentes supranumerários na CBCT.

supranumerário

Dentes ausentes:

Pode ser uma condição de anormal de desenvolvimento ou adquirida. Foram examinados 29 casos com CBCT. Em alguns casos a área do dente ausente iria receber um implante dental e as imagens CBCT mostraram um osso alveolar fino, necessitando de enxerto ósseo.

ausente

 

Dosimetria de tomografia computadorizada de feixe cônico comparada com radiografia digital em imaginologia ortodôntica.

Grunheid T et al. Dosimetry of a cone-beam computed tomography machine compared with a digital x-ray machine in orthodontic imaging. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2012;141(4):436-43.

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Objetivo: Determinar a quantidade de radiação potecialmente absorvida pelo paciente durante o CBCT ortodôntico com várias configurações de scans e comparar com uma máquina de raio-x digital.

Máquinas: i-CAT CBCT e orthopantomograph OP100/OC100 digital x-ray.

A quantidade de radiação absorvida foi mensurada com um dosímetro pré-calibrado de termoluminescência de fluoreto de lítio (TLD). Os TLDs foram posicionados em vários locais da cabeça e pescoço de um manequim, representando os locais de tecidos conhecidos por serem mais rediosensíveis na cabeça e pescoço.

As doses de 8 protocolos de scaneamento foram determinadas. Três exposições foram utilizadas para cada protocolo para fornecer uma mensuração mais confiável da radiação. Posteriormente, as doses foram divididas por 3 para determinar a exposição por scan para cada TLD.

As doses em diferentes tamanhos de voxels e campos de visão variaram de 64.7 a 69.2 uSV para CBCT scans padrão (0.3 e 0.4 voxels portrait) e 127.3 a 131.3 uSV para alta resolução (0.3 e 0.4 voxels portrait). Já para a terapia SureSmile os resultados seriam significamente maiores, com média de 134.2 uSV para alta resolução e 0.2 voxels landscape. As doses para a panorâmica digital e telerradiografias digitais foram de 21.5 e 4.5 uSV, respectivamente.

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O principal achado desse estudo foi que os protocolos de CBCT scan normalmente usados para imagens na ortodontia expuseram a uma radiação significantemente maior que da máquina de radiografia digital 2-D. Em geral, as glândulas salivares receberam a maior quantidade de radiação. As glândulas salivares são localizadas no centro do campo de radiação, e são constantemente expostas durante a rotação do sensor e do feixe.

 

Link para o artigo via AJODO:

http://www.ajodo.org/article/S0889-5406%2811%2901204-2/abstract

 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

MTA e Cimento Portland promovem biomineralização In Vivo


Dreger LAS, Felippe WT, Reyes-Carmona JF, Felippe GS, Bortoluzzi EA, Felippe MCS. Journal of Endodontics 201; 38 (3): 324-29



O agregado trióxido mineral (MTA) e o cimento Portland tem sido apresentados como materiais bioativos devido sua capacidade de produzir apatita carbonada. Esse estudo analisa a interação do MTA e do cimento Portland com a dentina in vivo. 

Materiais e Métodos: As coroas e o terço apical de 72 dentes humanos com uma única raiz foram removidos, para se obter "tubos" de dentina de 5 mm de espessura. Os tubos foram lavados com água destilada e autoclavados. Foram irrigados com 17% de EDTA seguido de hipoclorito a 1%, secados e divididos aleatoriamente em 4 diferentes grupos. As cavidades do tubos foram preenchidos com diferentes cimentos: MTA Branco (Angelus Soluções Odontológicas, Londrina, PR, Brasil), MTA Bio (Angelus), cimento Portland branco (Mar Paulista, São Paulo, SP, Brasil) + 20% de óxido de bismuto (Seelze, Hannover, Alemanha) (PC1), e PC1 + 10% de cloreto de cálcio (Labsynth, Diadema, SP, Brasil) (PC2). Após o preenchimentos dos tubos, estes foram implantados subcutaneamente em 4 locais da área dorsal de 18 ratos. Tubos de dentina vazios também foram implantados em ratos para serem usados como grupo controle. Depois de 30, 60 e 90 dias, os animais foram mortos, e os tubos foram removidos para análise em microscópio eletrônico. 

Resultados: No período de 30 e 60 dias, a deposição de mineral na camada interfacial e no interior dos túbulos dentinários foi detectada mais em tubos preenchidos com MTA Branco e MTA Bio do que em tubos preenchidos com PC1 e PC2. Após 90 dias, a mineralização na camada interfacial e nos túbulos dentinários foi detectada em todo os tubos, com exceção de um dos tubos preenchido com PC2.

Conclusão: A conclusão é que todos os cimentos testados são bioativos. Os cimentos liberam muitos de seus componentes capazes de estimular a deposição mineral na interface cemento- dentina e no interior dos túbulos dentinários. MTA Branco e MTA Bio são mais efetivos ao promover a biomineralização do que o cimento Portland, principalmente no período de 30 e 60 dias. 


Artigo na íntegra:

Tomografia computadorizada de feixe cônico é a técnica de imagem de escolha para avaliação ortodôntica completa.

Larson BE. Cone-beam computed tomography is the imaging technique of choice for comprehensive orthodontic assessment. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2012;141(4):402-11.

artigo

Steiner em 1953 escreveu sobre o uso da cefalometria: “Tem sido afirmada por muitos que é uma ferramenta de pesquisa laboratorial e que as dificuldades e o preço elevado para seu uso na prática clínica não são justificáveis. Muitos argumentaram que as informações obtidas pela cefalometria não contribui para mudanças, ou influencia, em seus planos de tratamentos”.

O mesmo pode ser dito sobre o Cone Beam Computed Tomography (CBCT) hoje. E apesar de termos muito a aprender sobre o melhor uso do CBCT, sabemos o suficiente sobre sua aplicação para considerar a imagem de escolha para a maioria dos tratamentos ortodônticos.

Benefícios do CBCT:

- Precisão da geometria da imagem – Imagens com proporção de 1:1.

Nas radiografias 2-D temos magnificação e distorção. Estruturas do lado esquerdo são menos ampliadas que as estruturas do lado direito pela proximidade com o filme. Na imagem panorâmica, a ampliação vertical e horizontal varia de acordo com a distância do ponto focal.

Com o CBCT podemos ter acesso com precisão do tamanho de dentes não-erupcionados, dimensões ósseas nos 3 planos do espaço e até medidas de tecido mole.

Tem sido demonstrado que os pontos cefalométricos podem ser localizados com segurança em imagens cefalométricas geradas pelo CBCT.

- Melhor localização de dentes ectópicos e avaliação de absorção radicular.

Pode resultar em mudanças no diagnóstico e recomendações de tratamento.

- Observância de Assimetrias.

Anteriormente eram feitos com exames clínicos, modelos de estudo e cefalograma anteroposterior, com o CBCT podemos mensurar a quantidade dessa assimetria com acesso a vários cortes tomográficos.

- Imagem da ATM.

Artigo recente na univ. Minesota mostra que de 200 pacientes da ortodontia, 18% tinham alteração na ATM observada pelo radiologista, que eram suficientemente significantes para acompanhamento posterior ou encaminhamento.

- Avaliar as dimensões aéreas em 3-D e visão clara dos seios paranasais e os tornando-os mensuráveis.

- Avaliar o osso alveolar, diagnosticar doenças periodontais.

Imagens recomendadas anteriormente: panorâmicas e bitewings, com o CBCT somente haverá uma exposição à radiação.

- Mensurar defeitos interproximais e linguais.

- Avaliação endodôntica.

O estudo em Minesota obteve ainda 10% de achados endodônticos significantes nos pacientes examinados: lesões periapicais, reabsorções internas e externas, pontas de raízes retidas.

- Avaliação do osso cortical para acessórios de ancoragem.

Custos do CBCT:

- Radiação: comparar o nível de radiação é difícil pois existem muitos maquinas de CBCT disponíveis no mercado e os protocolos de escaneamento para essas máquinas estão em constante mudança devido às modificações no software, mudando o nível de exposição à radiação.

Estudo na Universidade de Minesota comparou a maquina de CBCT x 2-D radiografia digital. A de CBCT utilizou 65 milionésimos de Sievert (uSV), e a 2-d radiografia digital, 26 uSV. Subsequente ao teste, um novo protocolo de baixa exposição foi adicionado na máquina de CBCT e forneceu o necessário para o diagnóstico ortodôntico com 35 a 40 uSV.

Se radiografias intraorais da boca inteira são realizadas para avaliar o periodonto de adultos, a CBCT imagem reduz a dose de radiação.

Conclusão:

O CBCT para a maioria dos pacientes ortodônticos apresenta grandes vantagens. A habilidade de mensurar precisamente, melhorar a localização, identificar e quantificar assimetrias, visualizar anormalidades nas vias aéreas, avaliar as estruturas periodontais, identificar problemas endodônticos, ver posição dos côndilos e ossos da ATM e planejar locais para ancoragem de acessórios em osso, aumenta ao clínico o conhecimento e informações para o diagnóstico ortodôntico.

Todas essas vantagens estão acessíveis com pequeno aumento na exposição à radiação em comparação a panorâmica digital e telerradiografia. Comparado ao registro padrão definido 15 anos atrás (telerradiografia e anteroposterior, panorâmica e de radiografias de boca completa), a quantidade de radiação de CBCT imagem representa mais que 80% de redução de exposição à radiação.

 

Link para o artigo na íntegra via PubMed:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22464520

terça-feira, 3 de abril de 2012

Mídias sociais para Cirurgiões-Dentistas (Ortodontistas principalmente)

Social media basics for orthodontists. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2012;141:510-5.

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A todo momento que abrimos uma página na internet, vemos uma revista, ou um comercial na TV, somos bombardeados de convites como “curta-nos no Facebook” ou “siga-nos no Twitter”. Muitos dentistas, entretanto, investem muito em campanhas em mídias sociais sem ter algum retorno. Este artigo descreve 5 das maiores ferramentas de mídias sociais em detalhes, explorando suas vantagens, fraquezas, oportunidades e riscos inerentes a cada.

O principal propósito de fazer campanhas em redes sociais é trazer novos pacientes aos nossos consultórios. Isso pode ocorrer de duas formas. Primeira, a mídia social pode atrair diretamente novos pacientes. Uma vez que a família percebe a necessidade de um ortodontistas, os conceitos de colaboração e marketing de entrada entram em jogo. Quando a família encontra nossoss serviços devido a referências ou sozinhos, eles desejam saber mais sobre nós e as experiências de outros em nosso consultório. Mesmo se um novo paciente recebe uma referência de um dentista ou um amigo, é comum para aquela pessoa ir na internet e procurar alguma informação sobre nós.

A segunda maneira é aumentando o entendimento e fidelizando os pacientes em tratamento. Interação regular, conversas e posts com informações, ajudam a manter nossos pacientes e sua família mais próximos e, assim, sermos lembrados em uma recomendação a um futuro tratamento para sua família e amigos. Sites de mídias sociais também dão espaço para nossos pacientes testemunhar e falar sobre o tratamento, o que ajudará a atrair novos pacientes.

Twitter

Twitter é, segundo o autor, a quinta melhor mídia social para a nossa divulgação. Devemos ter o Twitter como um meio de mandar mensagens para nossos pacientes.

Tem a vantagem de ser rápido e fácil de usar, gratuito. Ser sucinto, por possuir um limite de 140 caracteres e fácil de usar no celular.

Uma de suas maiores fraquezas é que apenas 10% dos Americanos tem conta no Twitter e é estimado que apenas 3% que realmente o usam. Outra desvatagem é que não permite muito conteúdo (o que pode ser contornado de várias formas). Para usar o Twitter de forma bem-sucedida requer que seus pacientes sejam avisados do serviço. Isso pode ser promovido no registro do paciente, em correspondência ou com um link em seu website.

YouTube

É a quarta escolha de mídia social para a prática ortodôntica. Mais de 13 milhões de horas de vídeo foram armazenados em 2010 e 48 horas de vídeos são armazenados a cada minuto. Mais de 3 bilhões de vídeos são vistos a cada dia. O conteúdo de seu vídeo pode fornercer informação que pode levar pacientes à você.

A grande força do YouTube também é sua maior fraqueza. Com tal acervo de vídeos, ser encontrado por possíveis pacientes em nossa comunidade é díficil. Com o website SEO, escolher as melhores palavras-chaves e descrições apropriadas é importante para ajudar as pessoas certas a encontrarem nosso material.

O youtube pode ser importante de duas maneiras em nossa campanha em mídia social. Primeiramente, podemos fornecer material como vídeos institucionais, vídeos de nossa prática diária, que pode atrair novos pacientes. Segundo, pode servir como um servidor para armazenar nossos vídeos para posts em blogs, twitter, facebook, e-mails, entre outros.

Leis de privacidade do pacientes são facilmente violadas com postagem de vídeos inocentes, mas sem o devido consentimento. Devemos sempre de ter o consentimento do paciente, e verificar se esse consentimento é legal.

Blog

Blog é a terceira escolha de mídia social. O blog é um jornal cronólógico ou conjunto de conteúdo que é de interesse a seus pacientes e possíveis pacientes.

Ao contrário de outras mídias sociais, o blog requer um conhecimento maior para sua configuração. Configurando incorretamente, somente beneficiará o servidor que armazena o blog. E um blog bem-sucedido requer tempo e empenho.

Facebook

É a segunda escolha de mídia sociais. Facebook é uma comunidade online de família, amigos, colegas, companheiros de igreja, de faculdade, e de todo tipo de relação que puder imaginar. Facebook é onde está nosso público alvo. É de longe a maior rede social do mundo. Em Agosto de 2011, estivama-se ter mais de 750 milhões de usuários. Páginas de empresas são fáceis de configurar e manusear, e podem ser linkadas ao seu website.

Aspectos negativos são que os usários não querem ser interrompidos com solicitações enquanto estão socializando. Posts devem fornecer conteúdos interessantes e formadores de relações (marketing incluso).

A presença no Facebook permite a interação e tornar amigável com seus pacientes. É a chance de eles se manterem informados ao que acontece no consultório entre suas visitas. É sua chance de agradecer aos pacientes quando eles estiverem cooperando e assim fidelizar mais seus pacientes.

Google Places

É a mídia social número 1 na escolha do autor. Google Places é um diretório de perfis automaticamente criados pelo Google para cada empresa com endereço físico ou número de telefone. A lista de endereços aparece quando um usuário faz uma pesquisa que inclui endereço físico, região ou número de telefone. 

Ao contrário do Facebook, Twitter, entre outros, os pacientes não precisam ser seus amigos ou ter uma conta para ver sua lista de lugares. Ela aparecerá toda vez que alguém procurar por seu consultório. Pode haver fotos, vídeos, sua logo, mapas, direções para seu consultório, descrição de seus serviços.e feedback de seus pacientes.

Conclusão

Mídias sociais estão afetando nossas práticas, mesmo que não quisermos participar. Os pacientes estão falando de nós, sempre estiveram. Agora eles possuem uma maneira mais eficiente de fazer isso, via Internet. Incorporar a mídia social em nosso marketing irá permitir a participarmos da discussão e eventualmente, incorporar pacientes novos à nossa prática diária.

 

Link para o artigo:

http://www.ajodo.org/article/S0889-5406%2812%2900051-0/abstract

quarta-feira, 28 de março de 2012

Novidade na AJODO

Kokich VG. The AJO-DO blog. Am J Orthod Dentofac Orthop 2012;141(4):393.

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Olá, leitores. Tenho uma grata surpresa para dar-lhes.

Hoje, lendo a American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, deparo-me na seção do editorial da revista, um artigo do Vicent G. Kokich, editor-chefe, com título: The AJO-DO blog.

No início do artigo, Kokich, demonstra sua preocupação com o feedback dos leitores. Onde ele diz ver o periódico não somente como uma publicação científica, mas como um veículo de educação científica (o que realmente é o objetivo).

Como a melhor educação é a interativa, o jornal impresso estava um pouco a dever nesse quesito. Quando recebia uma carta sobre um artigo publicado na revista, essa era enviada ao autor que tinha um mês para responder. Assim que a resposta era feita, a carta e a resposta eram encaminhadas para publicação na próxima edição disponível. Entretanto, a Elsevier estava requerendo que as cartas fossem programadas para 3 meses seguintes. Assim sendo, poderia haver de 5 a 6 meses de atraso que a carta e a resposta fossem publicadas. Quando os assinantes tivessem a oportunidade de ler a carta, o contexto já havia passado. Agora com o Blog da AJO-DO essa interação supostamente será melhor realizada.

O blog AJO-JO servirá também para informar os leitores sobre novidades que irão aparecer nas próximas edições do periódico.

Além do Blog, haverá um Facebook Page da AJO-DO, que irá permití-los avisar quando um material novo estará disponível no blog.

Link para o Blog:

http://ajodoblog.blogspot.com/

Link para o artigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.ajodo.2012.03.012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Análise Facial Subjetiva

Reis SAB, Abrão J, Capelozza Filho L, Claro CAA. Análise facial subjetiva. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2006;11(5):159-172.

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face longa

face curta

Artigo publicado na Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, no ano de 2006 (11(5):159-172), pelos autores Sílvia Augusta Braga Reis, Jorge Abrão, Leopoldino Capelozza Filho, Cristiane Aparecida de Assis Claro.

A necessidade científica e didática de estabelecer valores de normalidade para as inúmeras medidas lineares, angulares e proporcionais avaliadas em telerradiografias ou mesmo fotografias da face distanciaram o ortodontista da avaliação individual de cada face, princípio primário do diagnóstico, e levaram, muitas vezes, a opções de tratamento equivocadas que buscavam metas erroneamente definidas.

Em 1953, Tweed reavaliou seus casos tratados em 25 anos, seguindo a filosofia proposta por Angle, de que a melhor harmonia facial seria obtida com todos os dentes em oclusão, assim observou que apenas 20% dos pacientes apresentavam oclusão normal e adequada harmonia facial. A maioria deles portava desarmonia facial, devida à protrusão exagerada dos incisivos, exigindo retratamento. O equilíbrio foi então obtido às custas de exodontias, contrariando todas as filosofias vigentes até então.

A posição do incisivo inferior, avaliada na telerradiografia do perfil, passou então a definir a necessidade de exodontias a fim de obter um ângulo entre o longo eixo do incisivo inferior e o plano palatino de 90º ± 5º. Segundo Tweed, esse parâmetro estava relacionado à estética facial agradável.

A utilização destes e outros parâmetros cefalométricos na definição dos planos de tratamentos resultou em extrações desnecessárias e iatrogenias na estética facial, identificadas por autores da literatura norte-americana como dish face ou face côncava.

A perspectiva atual da prática e da pesquisa odontológica exige que o profissional se aproxime das expectativas do seu paciente ao definir a melhora da estética facial e do sorriso como o principal objetivo do tratamento, e a avaliação direta da face do paciente como seu principal recurso diagnóstico, a qual permite observar as características faciais harmoniosas e desarmoniosas como o paciente é avaliado por si mesmo e pelos seus pares.

Ao paciente, definitivamente, não interessa que os ângulos e proporções de sua face estejam dentro de um “padrão de normalidade” se este padrão não se adequar às suas características étnicas e individuais.

A principal aspiração do paciente é ser reconhecido como bonito, ou no mínimo normal, por si mesmo e pela sociedade, eliminando características desagradáveis do sorriso e de sua face.

A organização do diagnóstico ortodôntico de acordo com os Padrões Faciais permite abordar o tratamento das más oclusões, considerando a localização da discrepância esquelética, quando presente, a etiologia da má oclusão, estabelecendo protocolos de tratamento específicos para cada Padrão em cada faixa etária, com protocolos em curto prazo e perspectivas em longo prazo previsíveis, considerando a gravidade da discrepância.

Os benefícios dessa nova visão da Ortodontia dependem, entretanto, do diagnóstico adequado do Padrão Facial. Considerando a limitação das medidas faciais em expressar forma ou normalidade, a classificação do Padrão deve ser realizada pela avaliação morfológica da face nas visões frontal e lateral.

Os indivíduos podem ser classificados como Padrão I, II, III, Face longa ou Face curta.

PADRÃO I

O Padrão I é identificado pela normalidade facial. A má oclusão, quando presente, é apenas dentária não associada a qualquer discrepância esquelética sagital ou vertical. Os Padrões II e III são caracterizados pelo degrau sagital respectivamente positivo e negativo entre a maxila e a mandíbula. Nos Padrões face longa e face curta a discrepância é vertical. Nos pacientes com erros esqueléticos, as más oclusões são geralmente conseqüentes dessas discrepâncias.

Na avaliação do perfil, o Padrão I é caracterizado por um grau moderado de convexidade. A expressão da maxila na face é identificada pela presença da projeção zigomática e depressão infraorbitária, que podem ser verificadas também na visão frontal. A linha de implantação do nariz, levemente inclinada para anterior, denota adequada posição maxilar. O sulco naso-geniano com leve inclinação posterior completa a avaliação do equilíbrio maxilar. O ângulo nasolabial avalia a base nasal em relação ao lábio superior, cuja posição é fortemente determinada pela inclinação dos incisivos superiores. Portanto, esse ângulo pode estar adequado, aberto ou fechado nos pacientes Padrão I, como conseqüência da posição dos dentes anteriores superiores, independente do bom posicionamento maxilar, sempre observado neste pacientes.

O equilíbrio mandibular, tamanho, forma e posição, podem ser verificados na avaliação do perfil por meio da linha queixo-pescoço. Ela deve ser expressiva sem ser excessiva e tender ao paralelismo com o Plano de Camper. Esse paralelismo contribui para um ângulo adequado entre as linhas do queixo e do pescoço. Além disso, espera-se um ângulo mentolabial agradável esteticamente e construído com igual participação do lábio e do mento.

Os pacientes portadores dos Padrões II e III apresentam discrepância sagital entre a maxila e a mandíbula, identificada, principalmente, na avaliação lateral da face. Indivíduos classificados como Padrão I na visão frontal e II ou III no perfil apresentam melhor prognóstico que aqueles Padrões II ou III nas visões frontal e lateral, nos quais o desequilíbrio é grave o suficiente para ser identificado na avaliação de frente, devido às suas conseqüências verticais.

PADRÃO II

O Padrão II apresenta convexidade facial aumentada, em conseqüência do excesso maxilar, mais raro, ou pela deficiência mandibular.

Normalmente, observa-se uma maxila com boa expressão na face, enquanto o terço inferior está deficiente e com a linha queixo-pescoço curta.

Apresenta, usualmente, um ângulo nasolabial bom, associado ao sulco mentolabial marcado pela eversão do lábio inferior.

PADRÃO III

No Padrão III a convexidade facial apresenta-se reduzida, resultando em um perfil reto ou mais raramente côncavo devido à deficiência maxilar, ao prognatismo mandibular ou à associação de ambos.

O terço médio da face tende a parecer deficiente, mesmo que esteja normal, pois o excesso mandibular desloca para anterior o tecido mole da maxila, mascarando a leitura da projeção zigomática.

O terço inferior da face tende ao aumento, principalmente no prognatismo e a linha queixo-pescoço apresenta-se normal nos deficientes maxilares ou em excesso nos prognatas.

O sulco mentolabial encontra-se aberto, devido à verticalização compensatória dos incisivos inferiores.

PADRÃO FACE LONGA

Os pacientes classificados como Padrões Face Longa e Face Curta apresentam uma discrepância vertical visível nas avaliações de frente e perfil.

O paciente Padrão Face Longa é caracterizado pelo excesso na altura facial, resultando em ausência de selamento labial, excesso de exposição de dentes no repouso e de gengiva no sorriso. A convexidade facial desses pacientes está aumentada, a expressão maxilar é deficiente e a linha queixo- pescoço curta.

O paciente Padrão Face longa tem deficiência na expressão sagital da maxila e da mandíbula, que apresentam direção de crescimento predominantemente vertical.

PADRÃO FACE CURTA

O paciente Padrão Face Curta é identificado pela deficiência nas dimensões verticais, lábios comprimidos, maxila com expressão adequada e excesso da linha queixo-pescoço, devido à rotação anti-horária da mandíbula.

A convexidade do perfil está, normalmente, reduzida e o paciente apresenta pouca exposição dos incisivos superiores no repouso e no sorriso.

A utilização dos conceitos já estabelecidos pela literatura ortodôntica, aplicados sob essa nova perspectiva, permite maior previsibilidade aos tratamentos ortodônticos e tranqüilidade ao profissional, que se torna apto a utilizá-los.

 

Artigo na íntegra via Scielo:

www.scielo.br/pdf/dpress/v11n5/a17v11n5.pdf

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Via aérea superior em maloclusão Classe II

Kirjavainen M, Kirjavainen T. Upper airway dimensios in Class II Maloclcusion: Effects of headgear treatment. Angle Orthod 2007;6:1046-1053.

kirjavainen

Artigo publicado no periódico Angle Orthodontist, pelos autores Mirja Kirjavainen e Turkka Kirjavainen, no ano de 2007, no 6 (1046-1053).

Este estudo objetivou estudar os efeitos do aparelho extra bucal cervical no tratamento de maloclusões Classe II, divisão 1, nas estruturas da via aérea superior em crianças.

Materiais e métodos: As estruturas da via aérea superior foram estudadas em 40 crianças (20 meninos e 20 meninas) que foram encaminhados para tratamento por causa de uma mal-oclusão Classe II, divisão 1. Critérios de inclusão foram: (1) Má oclusão Classe II com um overjet maior que 2 mm, (2) uma maxila protusiva indicada por analise cefalométrica, ponto A à frente da linha Násio-Pogônio, (3) a avaliabilidade do pré e pós-tratamento em modelos de estudos, lateral e ântero-posterior cefalogramas, (4) idade entre 7 a 12 anos, (5) boa saúde geral, (6) boa ou moderada cooperação. Os resultados foram comparados com cefalogramas de 80 crianças com relação Classe I de molares. O primeiro autor tratou as crianças com mal-oclusão Classe II com aparelho extra bucal cervical. Cefalogramas pós tratamento foram tirados quando a relação de molares Classe I foi obtida.

Resultados: NASOFARINGE: Os indivíduos do grupo em tratamento tiveram um similar ou aumento da nasofaringe comparado ao grupo controle, e também a distância ad2-PNS foi maior que no grupo controle. Entretanto, essa diferença foi observada somente em indoivíduos em que a tonsila faríngea foi removida. A distância ad1-PNS é similar no grupo controle e no pós tratamento.

OROFARINGE: As crianças com a má oclusão Classe II apresentaram um estreitamento da orofaringe. A área retropalatal aumentou pelo tratamento, entretanto o restante da orofaringe permaneceu mais estreita no grupo controle. O comprimento e profundidade do palato mole permaneceram similares ao grupo controle no período de tratamento. O ângulo entre o plano palatino e a ponta do palato mole diminuiu pelo tratamento.

Conclusão: Má oclusão Classe II é relacionada com um estreitamento do espaço aéreo oro e hipofaríngeo em comparação aos controle com relação de molar Classe I. E o aparelho extra bucal cervical aumenta o espaço aéreo retropalatal mas isso não afeta significantemente a orofaringe e a hipofaringe em crianças com má oclusão Classe II sem retrognatia.

 

Artigo na íntegra:

http://www.angle.org/doi/pdf/10.2319/081406-332

domingo, 22 de janeiro de 2012

Avaliação cefalométrica dos fatores obstrutivos da faringe de indivíduos com Síndrome da Apnéia do Sono.

Bacon WH, Turlot JC, Krieger J, Stierle J. Cephalometric evaluation of pharyngeal obstructive factors of patients with sleep apneas syndrome. Angle Orthod. 1990;60(2):115-122.

Sem título

 

Artigo publicado por Willian H. Bacon, Jean Christophe Turlot, Jean Krieger e Jean-Louis Stierle na revista Angle Orthodontists, ano de 1990 (Vol. 60, No. 2: 115-122).

Bacon et al. procuraram através desse estudo determinar características morfológicas de indivíduos com a Síndrome da Apnéia do Sono (SAS). Para isso, avaliaram indivíduos com SAS e compararam com um Grupo Controle, para observar quais características morfológicas específicas diferenciam-se entre eles.

A amostra do Grupo SAS constituiu-se de 43 homens adultos, com idade média de 50.5 anos, com diagnóstico de SAS através da polissonografia noturna. O Grupo Controle constituiu-se de 40 adultos homens, com idade média de 23.4 anos, sem distúrbios respiratórios.

Através da análise cefalométrica puderam observar que o Grupo SAS apresentou um maior ângulo do plano oclusal e plano mandibular, assim como o palato mole mais alongado em relação ao Grupo Controle.

A pesquisa levou as seguintes observações no Grupo SAS: um encurtamento da base do crânio, uma compressão facial posterior com a redução da faringe óssea, um alongamento vertical da porção inferior da face o queixo e língua retraídos e um aumento do comprimento do palato mole.

Uma correta reclassificação de 93 % dos indivíduos de toda amostra poderia ser obtida usando 4 variáveis (comprimento do palato mole, dimensão sagital da porção superior da face, comprimento da base cranial anterior, e altura da porção anterior da face).

 

Artigo na íntegra:

http://www.angle.org/doi/pdf/10.1043/0003-3219%281990%29060%3C0115%3ACEOPOF%3E2.0.CO%3B2

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Diferenças cefalométricas no espaço faríngeo de indivíduos roncadores e não roncadores.

Kurt G, Sisman C, Akin E, Ackam T. Cephalometric comparison of pharyngeal airway in snoring and non-snoring patients. Eur J Dent. 2011;5:84-88.


Sem título

Nesse estudo os autores compararam a via aérea faríngea de indivíduos não roncadores, roncadores simples e com Apnéia Obstrutiva do Sono (OSA).

Foram selecionados indivíduos não-obesos, sem histórico de tratamento ortodôntico dos arquivos do GATA, Military Academy of Medicine, Department of Ear Nose Throat, Ankara. Esses indivíduos foram avaliados segundo o índice de apnéia e hipoapnéia (AHI). Indivíduos com valores AIH menores que 5 constituíram o grupo de Roncadores Simples, AIH acima de 5 constituiram o grupo OSA. No estudo, Grupo 1 consistiu de casos de ronco simples, Grupo 2 de casos OSA, e Grupo 3 controle, sem histórico de problemas respiratórios

O grupo OSA apresentou a maior angulação do palato mole. O comprimento, espessura e altura do palato mole foram significantemente maiores no grupo OSA e Roncadores Simples que no grupo Controle. A relação entre o comprimento do palato mole e o espaço aéreo superior foi significantemente maior no grupo 1. Espaços faríngeos na área do palato mole tiveram significantes menores valores no grupo OSA.

Segundo os autores, o estreitamento do espaço posterior das vias aéreas, língua alongada, palato mole mais largo e hióide localizado inferiormente, podem ser variáveis que significamente determinantes na severidade da apnéia. Aumento da massa do palato mole é um fator impotante no estreitamento estrutural das vias aéreas superiores.

 

Artigo na íntegra:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3037194/pdf/dent05_p0084.pdf

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Retornando às atividades


Caros leitores, peço desculpas pelo "abandono" desse espaço virtual.

Estive ausente por exatos 6 meses, sem realizar postagens e atualizações. Foquei minhas atenções à faculdade e meu trabalho de conclusão de curso.

Agora que concluí essa fase, reativo esse espaço. Pretendo realizar constantes atualizações com assuntos de meu interesse e espero que contribuam em algum aspecto para vocês.

Atenciosamente,
Bruno Eiji Guibu.