quinta-feira, 6 de julho de 2017

Protocolo de colagem em Ortodontia Dr. Pitts

Pitts TR. Bracket placement and early elastics protocols for Smile Arc Protection. CI 2009;17(1):4-13.
marcaçao

Por muito tempo o objetivo do tratamento ortodôntico tem sido baseado somente na oclusão dentária, frequentemente às custas da estética facial. A filosofia Damon tem enfatizado a importância da face no diagnóstico, no planejamento do tratamento e na avaliação do resultado. No centro da discussão está o arco do sorriso do paciente, que na filosofia Damon incorpora em seu tratamento a abordagem chamada “estratégia de proteção do arco do sorriso”. Nesse artigo, Dr. Pitts explica como seu posicionamento de braquetes e utilização de elásticos leves em fase inicial de tratamento podem ajudar na proteção do arco do sorriso.

Princípios Básicos do protocolo de Posicionamento Pitts:

1. Desenvolver um plano detalhado de colagem e selecionar cuidadosamente os torques.
2. Garantir que todos itens essenciais para uma colagem eficiente estejam organizadas.
3. Utilizar duas assistentes para auxiliar na colagem.
4. Reanatomizar dentes para estética e para o encaixe do braquete.
5. Seguir um exato protocolo de posicionamento do braquete para proteger e realçar o arco do sorriso e alinhar as cúspides bucais e cristas marginais.
No artigo Dr. Pitts detalha cada um dos tópicos explicando cada etapa de seu protocolo.

1. Desenvolver um plano detalhado de colagem e selecionar cuidadosamente os torques.
É feito o estudo da documentação do paciente para desenvolver um plano de colagem. As fotografias permitem, entre outras coisas, observar a linha média, plano transversal, arco do sorriso, formato dentário e determinar o torque dos caninos. Na panorâmica observa-se o paralelismo de raiz e posicionamento dentário. A telerradiografia ajuda a decidir os valores de torques nos braquetes para incisivos superiores e inferiores. O plano de colagem também leva em consideração as angulações dentárias, cristas marginais, pontos de contato, altura de cúspides, sobremordida anterior, arco do sorriso e perda dentária.
Os modelos de estudo ajudam determinar a necessidade de botões de desarticulação e reanatomização dentária (esmalte).

2. Garantir que todos itens essenciais para uma colagem eficiente estejam organizadas.
Devem estar previamente preparados todos os braquetes que serão utilizados, incluindo peças especiais e botões de desarticulação, e já definidos os tubos para molares. Separados também o adesivo que será utilizado. Recomenda um espelho clínico de duas polegadas que  permite analisar melhor a face oclusal dos elementos.

4. Reanatomizar dentes para estética e para o encaixe do braquete.
reanatomização
Antes de iniciar a colagem, deve, se necessário, realizar reanatomização dentária com colocação de resina ou desgaste de esmalte. Faz-se um recontorno dentário de faces bucais e labiais, pontas incisais e cúspides que melhoram a estética, auxiliam no ponto de contato, oclusão e posicionamento do braquete.
A menos que eles sejam usados, a maioria dos caninos necessitam de uma reanatomização para estética e oclusão. Esse manobra auxilia na proteção do arco do sorriso e melhora o ponto de contato com os dentes adjacentes.

5. Seguir um protocolo de posicionamento do braquete para proteger ou realçar o arco do sorriso e alinhar as cúspides bucais e cristas marginais.
O protocolo de colagem inicia-se pelo arco inferior e posteriormente superior: de segundo molar a canino em um hemiarco e a mesma sequência no outro lado e depois finaliza de lateral a lateral. Utiliza-se de um posicionador de braquetes de canino a canino.
  sorriso arco

Pitts faz a colagem dos dentes anteriores superiores para estética e proteção do arco do sorriso e dos inferiores para sobremordida e sobresaliência.

Dentes anteriores superiores

pits x tradicional anteriores

Como o canino superior é a transição do segmento anterior para o posterior e estabelece o contorno do arco do sorriso, Pitts baseia o posicionamento de todo arco estabelecendo primeiro a posição desse braquete.
Para determinar a altura ocluso-gengival (O-G) do braquete no canino superior, estabelece uma linha ligando os pontos de contato mesial-distal e posiciona a aleta inferior do braquete tangenciando essa referência.
A posição O-G do braquete no incisivo lateral fica aproximadamente 0.25 mm à gengival do canino e do incisivo central à 0.50 mm.

Pré-molares Superiores

posicionamento

O alinhamento da aletas inferiores dos braquetes dos pré-molares é feito em cima da linha de contato M-D e cuida-se especialmente da distância mesio-distal com o auxílio do espelho pela oclusal. O erro mais comum é o posicionamento mais mesial do que o ideal, o que resulta em rotação e dificulta a oclusão posterior.

Molares superiores

posteriores sup

A altura O-G do tubo do primeiro molar é determinada com a borda oclusado do tubo tangenciando a linha de contato M-D. Para o segundo molar coloca-se 1.5 mm para a oclusal que o primeiro molar.

Dentes anteriores inferiores

mordida prof abert

Para o melhor posicionamento mesio-distal (M-D) dos incisivos inferiores é feito o alinhamento com o longo eixo do dente em seu maior contorno quando observado o elemento pela incisal. O posicionamento O-G depende da relação vertical da mordida. Para mordida profunda, coloca-se o braquete de modo que o slot fique levemente posicionado para incisal, aproximadamente 3.5 mm da borda incisal do dente, com os bite turbos já instalados nos elementos superiores. No arco inferior, o autor faz a reversão da curva de Spee para atenuar a mordida profunda. Para mordida abertas, posiciona-se os braquetes dos incisivos inferiores de modo que o topo do slot esteja razoavelmente para a gengival, aproximadamente 5 mm da borda incisal do dente.
Para casos de sobremordida normal posiciona as aletas incisais coincidentes à linha de contato M-D.

Caninos inferiores

Assim como seu antagonista, o canino inferior é a chave para o posicionamento do segmento posterior e oclusão. Para a posição M-D segue-se o protocolo dos incisivos inferiores. O melhor posicionamento O-G é com as aletas incisais do braquete na linha formada entre os pontos de contatos M-D.

Pré-molares inferiores

pres inferiores

Para o posicionamento M-D observar pela oclusal. A posição O-G é colocado as aletas oclusais 0.5 mm para a gengival da linha de contato M-D.

Molares inferiores

molares inf

Posiciona-se o tubo do primeiro e segundo molar da mesma maneira. Para orientação Ocluso-gengival coloca-se a borda oclusal da base do braquete 0.5 mm à gengival da linha de contato M-D.
Elásticos leves em fase inicial começa a correção concomitantemente ao nivelamento dental para a proteção do arco do sorriso.
O princípio fundamental da filosofia Damon é a manutenção efetiva de forças em todas as fases do tratamento. Pitts anteriormente utilizava elásticos de forças pesadas para correção A-P, vertical e transversal somente após o nivelamento do arco. Depois de alguns anos começou a usar elásticos leves, logo após a montagem do aparelho em casos de mordida profunda, na intenção de extruir os elementos posteriores. Observou uma ótima resposta com esse tipo de procedimento e agora utiliza elásticos leves ( não mais que 2 onças, para iniciar) a partir da consulta inicial de colagem para a maioria dos casos, para acelerar o tempo de tratamento e realçar a qualidade deste. O uso possibilita progredir suavemente nos casos que requerem elásticos de Classe II, Classe III, mordida profunda, mordida aberta e mordida cruzada.
Como os dentes estão sendo erupcionados/intruídos na direção apropriada, elásticos leves iniciais permitem pequena correção A-P concomitante ao nivelamento do arco.
Pelo motivo dos elásticos leves romperem facilmente e o uso constante ser crítico para o sucesso, é recomendado ao paciente carregar um estoque consigo. Aqueles com mordida profunda que possuem botões de desarticulação não serão capazes de mastigar com os molares por várias semanas e precisarão de uma dieta de alimentos macios e pequenos.




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