domingo, 26 de dezembro de 2010

A escolha do teste estatístico – um tutorial em forma de apresentação em PowerPoint



Artigo publicado na revista Dental Press Journal of Orthodontics, no ano de 2010 (v.15, no.1, p.101-106,Jan./Feb), pelos autores David Normando, Leo Tjäderhane, Cátia Cardoso Abdo Quintão.

Artigo cuja leitura é altamente recomendável para pesquisadores e acadêmicos pois este proporciona informações úteis e objetivas a respeito de vários métodos estatísticos empregando exemplos relacionados à Odontologia. Esse tutorial deve ser empregado, principalmente, para o usuário obter algumas respostas a questões comuns relacionadas ao teste mais apropriado para executar comparações entre grupos, examinar correlações e regressões ou analisar o erro do método. Também pode ser obtido auxílio para checar a distribuição dos dados (normal ou anormal) e a escolha do gráfico mais adequado para a apresentação dos resultados. Esse guia* pode ainda ser de bastante utilidade para revisores de periódicos examinarem, de forma rápida, a adequabilidade do método estatístico apresentado em um artigo submetido à publicação.

INTRODUÇÃO

A análise estatística dos resultados obtidos em um determinado estudo é uma ferramenta importantíssima na validação desses dados, assim como para a adequada extrapolação dos resultados obtidos para a população estudada. Apesar de condutas clínicas serem rotineiramente tomadas como resultado de análises estatísticas, é relativamente comum estudantes de pós-graduação, clínicos e pesquisadores da área odontológica demonstrarem desinteresse no entendimento de como esses dados estatísticos foram obtidos.

Requisitos básicos para uso do tutorial

Vários pontos são importantes na análise estatística, um ponto-chave é a escolha do teste estatístico. A escolha do teste estatístico, analogicamente à área de saúde, corresponderia ao nosso diagnóstico.
Um equívoco poderia levar o pesquisador a conclusões finais inadequadas. A escolha do teste estatístico apropriado requer do usuário conhecimentos básicos sobre: (1) classificar o tipo de dado que está estudando (contínuo, categórico: ordinal ou nominal); (2) como esses dados estão distribuídos após o término da sua coleta (Distribuição Normal ou Distribuição Anormal), e (3) os tipos de amostras examinadas (Independentes ou Dependentes). Uma breve revisão é apresentada para introduzir o usuário a alguns princípios da Estatística.

Tipos de dados

Basicamente, os dados podem ser classificados como quantitativos ou qualitativos. Dados quantitativos são geralmente medidos em uma escala contínua (números que podem ser fracionados), tais como o diâmetro mesiodistal dentário, obtido em milímetros, ou a inclinação de um incisivo, examinada em graus. Após a coleta dos dados, é possível obter uma medida de tendência central e um indicador da variabilidade dos dados. A medida de tendência central mais usada para os dados numéricos é a média, enquanto o desvio-padrão é o estimador de variabilidade mais comumente empregado quando a variável examinada é do tipo contínua ou paramétrica.
Uma variável qualitativa ou categórica apresenta um número limitado de valores ou categorias, e pode ser classificada em Ordinal ou Nominal. Dados ordinais devem seguir um nível crescente (ordem) entre as categorias. O índice de reabsorção radicular, medido em uma escala ordinal de 0 a 4, é um exemplo de dados ordinais. Cada aumento no escore reflete um aumento na severidade da reabsorção radicular, entretanto, não se pode definir um determinado dente com índice 1 de reabsorção (suave) como tendo a metade da reabsorção de um outro dente com escore 2 (reabsorção moderada). Ao contrário dos dados contínuos (paramétricos), uma medida, representada por escore, não é parâmetro para outra, portanto deve ser considerada como uma variável não-paramétrica. A medida de tendência central mais comumente usada para dados ordinais é a mediana, que é o ponto médio a partir do qual metade dos valores coletados é superior a esse ponto e a outra metade é inferior. Por outro lado, os dados Nominais são distribuídos em categorias, aonde nenhuma ordem inerente pode ser observada, por exemplo: a categorização dos dados obtidos por gênero (masculino ou feminino) e a classificação de Angle (Classe I, Classe II ou Classe III). Esse tipo de dado, formado por números inteiros (variável discreta) é, rotineiramente, descrito como frequência absoluta ou relativa (percentagem).

A distribuição dos dados

Existem dois tipos básicos de distribuição dos dados: Normal ou Anormal, também conhecida como distribuição livre. A distribuição normal ou Gaussiana (relativo à Carl Gauss) apresenta uma forma semelhante a uma curva em sino quando os dados contínuos estão dispostos em uma curva de distribuição. Pode ser visto que os dados se concentram em torno de uma média e se dispersam simetricamente a partir desse ponto central. Muitos testes estatísticos, como o teste t de Student, requerem uma distribuição normal.
Quando a curva de distribuição dos dados não apresenta uma forma de sino é chamada de assimétrica, anormal ou de livre distribuição. Os testes usados para dados com distribuição anormal são conhecidos como estatísticas não-paramétricas (exemplo: teste de Mann-Whitney). O uso de um teste paramétrico, como o teste t, torna mais provável detectar uma diferença real entre amostras como sendo estatisticamente significativa, porém o uso de um teste paramétrico quando a distribuição normal é violada não é considerado um caminho confiável na execução da análise estatística.
Assim, torna-se imprescindível, antes da escolha do teste estatístico para dados contínuos, examinar a distribuição dos dados. Se dados contínuos apresentam uma distribuição anormal, é necessário escolher um teste não-paramétrico ou transformar os dados em uma distribuição normal, aplicando, como exemplo, uma transformação logarítmica.

Amostras Dependentes ou Independentes

As amostras podem ser facilmente classificadas como dependentes (pareadas) ou independentes (não pareadas). Um desenho de estudo comum na Ortodontia, usando amostras pareadas, pode ser constatado quando um grupo de indivíduos é examinado antes e depois de um determinado tratamento. Amostras independentes são constituídas por diferentes indivíduos compondo cada grupo.

A Apresentação em PowerPoInt ®

O objetivo desse tutorial é produzir informações sobre o teste estatístico adequado para a análise dos resultados obtidos. Essas informações serão obtidas através de um sistema de perguntas e repostas. Para usar esse tutorial, a apresentação deve ser aberta no modo “apresentação de slides”. O primeiro slide descreve o objetivo e as limitações desse tutorial. Atualmente, esse guia incorpora os principais testes estatísticos para examinar uma variável (Univariada). As opções relacionadas às análises multivariadas são limitadas. Embora as análises multivariadas ainda sejam menos freqüentes nas pesquisas odontológicas, o seu emprego tem crescido. Nesses casos, uma consulta a um estatístico são altamente recomendáveis.


O download da apresentação pode ser feito no site:


Artigo completo via Scielo:

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