domingo, 21 de novembro de 2010

Fotografia Digital em Odontologia - O que há de novo?

 

Artigo de 2010, publicado na revista Dental Press Journal of Orthodontics por  Andre Wilson Machado Mestre em Ortodontia pela PUC Minas. Doutorando em Ortodontia pela Unesp/Araraquara.

     A fotografia digital tornou-se onipresente na sociedade moderna e a sua importância na Odontologia é inquestionável. A possibilidade da visualização imediata do resultado das fotografias, a eliminação do custo com filmes e revelação, e a sistematização do gerenciamento das imagens na clínica são as principais vantagens do sistema digital, as quais acabam por tornar tentador esse método de obtenção de imagens.  Outra vantagem é a possibilidade da manipulação e edição de imagens, facilitando sobremaneira, a comunicação interpessoal e, conseqüentemente, a obtenção de bons resultados.

          Ainda que, historicamente, a introdução desse recurso na clínica ortodôntica seja nova, as câmeras digitais estão presentes na maioria dos consultórios. Entretanto, as pressões do mercado a favor das câmeras mais modernas e com maiores resoluções criam importantes questionamentos: O que há de novo na fotografia digital? Câmeras mais “novas”, e conseqüentemente com mais megapixels (MP), são melhores? Com qual resolução o ortodontista deve fotografar? Devido à literatura ser escassa nessa área, fazem- se necessários alguns esclarecimentos para que o ortodontista conheça as razões técnicas e científicas para lançar mão dos benefício da fotografia digital.

Câmeras mais “novas”, e conseqüentemente com mais Megapixels, são melhores? Com qual resolução o ortodontista deve fotografar?

A resolução está diretamente relacionada com a qualidade final das imagens obtidas e vai depender da capacidade da câmera em capturar pixels (pequenos quadrados que formam a imagem). Porém, é fundamental entender que resolução – ou melhor, muitos megapixels (MP) – não é sinônimo de qualidade.
A resolução em MPs das câmeras digitais está muito mais relacionada com o tamanho máximo que a imagem pode ser impressa do que com sua qualidade propriamente dita. Em Ortodontia, a maioria das finalidades das fotos digitais são a visualização em computadores e projetores multimídia e a impressão em equipamentos convencionais, laboratórios especializados e publicação em artigos científicos. Nesse sentido, fotos com resolução de 3 a 5MP contemplariam, com qualidade, todas essas situações.
Por exemplo, para duas imagens dispostas na tela do computador ou num projetor multimídia, uma com 1MP e outra com 10MP, a qualidade de ambas é idêntica. Em uma situação prática, a figura 3 possui quatro imagens, com 10, 8, 5 e 3MP e foram reveladas no mesmo tamanho no papel e pelo mesmo sistema. Qual delas apresenta melhor qualidade? Não existe diferença! De fato, elas possuem MPs diferentes, porém, quando vão para o papel, elas apresentarão a resolução em 300dpi (dots per inch, ou pontos por polegada). Moral da história: “tamanho não é documento”, ou melhor, resolução não é sinônimo de qualidade.

Figura 3- Exemplo do uso da mesma imagem com diferentes resoluções e, consequentemente, tamanhos de arquivo distintos: A) 10MP (3.869 Kbytes), B) 8MP (3.239 Kbytes), C) 5 MP (667 Kbytes) e D) 3MP (483 Kbytes).

Na comunidade científica. Alguns periódicos solicitam, erroneamente, nas normas de publicação, imagens digitais provenientes de câmeras digitais, com resolução máxima. Outros especificam valores como o “mínimo de 8MP”. Infelizmente, esse é um grande equívoco, pois o padrão de resolução de imagens para impressão deve ser mencionado em dpi e não em MP. A exemplo da forma adequada de caracterização dessas imagens, a Revista Dental Press solicita imagens com 300dpi, e essas podem ter 3, 5, 7, 10, 15 ou até mais MPs. Porém, quando forem impressas no papel, todas passaram a ter 300 pontos por polegada.
O ideal seria utilizar imagens com uma boa relação qualidade/tamanho do arquivo4. Para isso, sugere-se comprar câmeras digitais com a quantidade de MPs compatível com o padrão atual do mercado (10 a 15MP), porém, ajustar o equipamento para trabalhar com resoluções menores (5MP, por exemplo), suprindo as necessidades ortodônticas rotineiras, com alto padrão de qualidade. Em algumas situações específicas, como a revelação em tamanhos maiores, como um pôster ou banner, a câmera pode ser ajustada e a foto feita com alta resolução.

Artigo na íntegra via Scielo:

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